domingo, 28 de março de 2010

Yamas e Niyamas


Patanjali (sábio indiano que escreveu o famoso "Yoga-Sutra") define Yoga, como " Yoga Citta Vrtti Nirodah ", Yoga é a cessação das fluctuações da mente e descreve um caminho de 8 passos que levam o praticante a encontrar integração no corpo, mente e alma, eles são: Yamas (proscrições éticas); Niyamas ( observações internas); Asana (posturas); Pranayama (controlo da respiração); Pratyahara (controlo dos sentidos); Dharana (concentração); Dhyana (meditação) e Samadhi (absorção, integração, realização). Cada uma destas fases prepara a próxima e em cada um delas existem as 7 restantes.

Os Yamas e Niyamas, são princípios éticos que sustentam a prática de Yoga, são a base da prática, sem Yamas e Niyamas não há Yoga.


Imaginem o seguinte exemplo, um praticante de Yoga acorda ás 4h, mas ao despertar começa a resmungar com a mulher pois tem sono, mas obriga-se e força-se a levantar, faz tanto barulho por sentir preguiça, que também acorda as crianças. No tapete, força a respiração, força o corpo. Pelas 7h a família já está na mesa a tomar o pequeno-almoço e as crianças quase que se encolhem quando o vêem chegar, mas como agora está "relaxado ", dá-lhes um sorriso e recupera a harmonia entre si e a sua família. No carro, em plena rotina de deixar os filhos na escola e seguirem para os respectivos trabalhos, o homem vai conversando, até que de um momento para o outro, começa a gritar com o condutor da frente, fá-lo de tal modo que regressa a sensação de mal estar na mulher e nas crianças. No trabalho, gaba-se que faz Yoga todos os dias, gaba-se e demonstra como tem flexibilidade e força, fala e fala e mente umas quantas vezes. Num grupo à parte faz comentários invejosos sobre um colega. Sente inveja dos colegas, pensa e fala mal de todos. Isto é Yoga? Não, Yoga fornece conhecimentos para nos relacionarmos de forma equilibrada connosco mesmo, com os outros e com o que nos rodeia, dá-nos integridade e integração. Yoga leva-nos a tomar consciência dos nossos padrões de pensamentos, dos nossos sentimentos, emoções e comportamentos e com essa nova luz temos a capacidade de melhorarmos.

Iyengar comparava os 8 passos dos Yoga-Sutras a uma árvore e os Yamas e Niyamas seriam as raízes e o tronco,eles são os alicerces da prática, tem como objectivo acalmar a mente, o praticante não pode progredir se a mente e os orgaõs dos sentidos estiverem instáveis.

Os Yamas - a palavra yama significa refrear, controlar, restringir. São condutas éticas que nos ajudam a melhorar o nosso relacionamento com os outros e com o que nos rodeia, de modo a obtermos estabilidade e existem 5 Yamas: Ahimsa, Satya, Asteya, Brahmacharya e Aparigraha.

Ahimsa - significa não-violência no corpo, mente e discurso; Satya - veracidade nos sentimentos, palavras e acções; Asteya - não roubar, não possuir o que não lhe pertence ou não cobiçar; Brahmacharya - moderação e controlo dos orgãos dos sentidos; Aparigraha - não possessividade, afastar a avareza e a ganância, controlar vontades, desejos e necessidades.

Os Niyamas - são observações internas, condutas individuais que implicam a purificação e limpeza interna e externa do corpo, são auto-regulações que ajudam a manter um ambiente positivo onde possamos crescer, eles são: Saucha, Santosha, Tapas, Svadhyaya e Ishvara Pranidhana.

Saucha - pureza ou limpeza, tanto interna como externa, não basta apenas cuidarmos da limpeza do corpo, com banhos, roupa e mat limpos, mas também em termos consciência do que comemos, do que lemos, etc; Santosha - contentamento, quer nos bons ou nos maus momentos, manter a estabilidade da mente e não nos deixarmos levar pelos dramas quotidianos; Tapas - significa calor ou aquecer, é traduzido como auto-disciplina, purificação, determinação, esforço em alcançar determinado objectivo; Svadhyaya - auto-estudo, pelo estudo dos textos antigos e pela prática de Yoga, conseguirmos afastar Avidya (ignorância); Ishvara Pranidhana - entregar as nossas acções a algo Superior, o Yoga não se concentra numa religião ou num Deus particular, mas nos diz que devemos agir sem pensarmos nos frutos que podemos recolher.